Você sabia que o reality show Dancing Brasil da Record é uma adaptação do internacional “Dancing With The Stars”? Apesar de não ser um formato novo por aqui, o programa vem conseguindo empolgar cada vez mais pessoas.
Ainda assim, o show segue preso aos moldes estrangeiros, seja na seleção das músicas, coreografias ou estilos de dança.
Com essa falta de brasilidade no roteiro, o que poderia ser uma grande celebração da cultura nacional, incentivando milhares de pessoas a dançar os ritmos que nos identificam, acaba sendo uma apresentação que deixa a desejar. Quer entender porque? Continue a leitura!
Dancing sem Brasil
Com exceção das danças da apresentadora Xuxa, praticamente tudo no programa se mantém fiel ao original da emissora americana ABC. Assim, cenário, música tema e estilos de dança deixam de refletir o suingue brasileiro para seguir o padrão estrangeiro.
As danças são o que mais destoam do nosso jeito, pois estão longe de serem as mais populares do país. Apesar de conhecermos Valsa, Tango e talvez até Rumba, esses ritmos, ainda que interessantes, são reservados a ocasiões e públicos mais restritos.
Quando falamos em Foxtrot, Quickstep, Cha Cha Cha, Jive e Paso Doble, a sensação de estranheza é ainda maior. Afinal, a menos que você seja fã do programa original ou entusiasta do assunto, é bem provável que não tenha ouvido falar da maioria desses ritmos.
A nossa representação fica por conta do samba, que por vezes recebe uma roupagem “gringa”, nos fazendo assistir às coreografias com certo deslocamento, já que não estamos acostumados a ver alguém sambando ao som de um pop americano, como foi o caso das apresentações de Tony Salles e Sheila Mello.
Isso, de certa forma, desmotiva aqueles que gostariam de aprender a dançar, já que o que está na tela não condiz com o que vemos, por exemplo, em um salão de gafieira.
Pé de gesso
A falta de envolvimento com os temas talvez seja o motivo para o mal desempenho de alguns participantes, salvo aqueles que já têm história com a dança. A falta de desenvoltura de alguns resiste aos ensinamentos dos professores e às horas de ensaio. No fim, parece não haver muita vontade na execução das coreografias.
A escolha das músicas também não ajuda muito: às vezes, parece que os participantes executam passos de uma trilha diferente daquela que está sendo tocada. Para dançar, a pessoa deve ser envolvida pela música — quando os participantes performam coreografias que não condizem com o estilo do som, o resultado é, no mínimo, cômico.
Desse modo, infelizmente, a impressão do público pode ficar deturpada, pois uma atividade que deveria ser prazerosa parece complicada e até mesmo um pouco constrangedora.
Desafio redobrado
As coreografias também são um entrave, tanto para professores, quanto para celebridades e jurados do Dancing Brasil. Na intenção de fazer um show inovador, em que passos e música não necessariamente seguem a mesma batida, todos se esforçam ao máximo para entender o que está sendo apresentado.
O ritmo é essencial para o reconhecimento da expressão corporal. Com a falta dessa sincronia, os coreógrafos deixam a imaginação fluir e os participantes passam pelo duplo desafio de aprender a dançar e se fazer entender com movimentos que não fazem sentido ao olhos e ouvidos de quem assiste.
Nessa situação, os jurados, que já participaram da Dança dos Famosos no Faustão, ficam entre a cruz e a espada, sabendo que a maioria não sabia dançar e foi colocada em uma situação complicada, mesmo para dançarinos experientes. Assim, distribuem notas e pesos de acordo com o histórico do participante e o que conseguem extrair da performance.
Dessa forma, é possível dizer que Dancing Brasil é uma iniciativa bem-vinda, mas que poderia ser melhor aproveitada se usasse a brasilidade. Temos ritmos e estilos musicais suficientes para não precisarmos do que vem de fora. Queremos mesmo é ver os passos que nos embalam em danças tão brasileiras pelas pistas afora, os quais dizem tanto sobre nossa personalidade.
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